quinta-feira

Líder de movimento estudantil chileno vem ao Brasil apoiar protesto

Camila Vallejo, presidente da Fech (Federação dos Estudantes da Universidade do Chile), participou, na manhã desta quarta-feira, da "Marcha dos Estudantes", em Brasília, e disse ver muitas semelhanças entre o protesto brasileiro e o movimento estudantil chileno.

Vallejo veio ao Brasil a convite da UNE (União Nacional dos Estudante) e participará de sessão da comissão de direitos humanos, na Câmara. O encontro entre a chilena e os parlamentares foi articulado pela deputada Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), ex-dirigente da UNE.

De acordo com Vallejo, há muitas similaridades entre as demandas dos estudantes brasileiros e chilenos.
"Todos queremos melhoras no sistema educacional, ensino público de qualidade e acesso à educação. Esse apoio mútuo entre os estudantes revela que não estamos sozinhos, o que fortalece o processo social", disse.

Lula Marques/Folhapress
Líder estudantil chilena Camila Vallejo (esq) posa ao lado de Daniel Ilescu, presidente da UNE, com protesto ao fundo
Líder estudantil chilena Camila Vallejo (esq) posa ao lado de Daniel Ilescu, presidente da UNE, com protesto ao fundo

A estudante afirmou que, na Câmara, falará sobre o que levou ao "caráter privatizador" da educação no Chile, após a ditadura de Augusto Pinochet (de 1973 a 1990), pontuando os acontecimentos de 2011 --em que houve repressão de manifestações estudantis por parte do Ministério do Interior chileno, com a morte de um estudante de 14 anos.

Segundo Vallejo, os chilenos não querem melhorias educacionais dentro do mesmo paradigma, mas uma mudança radical no modelo de educação.

"Queremos a garantia constitucional do direito social e universal do acesso à educação, com investimentos que reforcem a democracia, o pluralismo e a integração", afirmou.

DEMANDAS

O presidente da UNE, Daniel Iniescu, terá encontro com a presidente Dilma Rousseff, na tarde desta quarta-feira, em que entregará o manifesto dos estudantes, elaborado pela UNE, pela Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e pela ANPG (Associação Nacional dos Pós-Graduandos). A entrega do documento coincide com a divulgão da proposta do governo para o orçamento de 2012.

As principais reivindicações são a destinação de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação e a mudança na política econômica anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, na terça-feira (30).

"Somos contra a política condenatória que privilegia o pagamento de dívida externa em detrimento de investimentos sociais, como é a educação. Hoje, investem-se menos de 5% em educação e cerca de 40% em pagamento de dívida pública", disse Iniescu.

Na marcha, os estudantes ainda lançaram a "Jornada de Lutas Latinoamericanas dos Estudantes". A jornada prevê a realização de manifestações ao longo de todo o mês de março de 2012. O objetivo é unir o continente em torno de três propostas: a defesa da educação pública, a integração solidária e a descriminalização da luta social.

De acordo com Mateus Fiorentini, secretário executivo da OCLAE (Organização Continental Latinoamericana e Caribenha de Estudantes), não foram estabelecidas metas específicas para as manifestações.
"Cada país tem uma realidade diferente. O importante é o sentimento de mobilização entre os países e a união", afirmou.

MST

A marcha teve o apoio do MST (Movimento dos Sem-Terra), que também reivindicam a aplicação de 10% do PIB em educação.

"Esse percentual beneficiará também os estudantes do campo. Essa é uma luta que unifica a cidade e o campo", afirmou Antonio Neto, representante do MST.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/968150-lider-de-movimento-estudantil-chileno-vem-ao-brasil-apoiar-protesto.shtml

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